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1. |
Olhos Escarlates
01:51
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Então
Lá pelo fim das horas
A luz se apaga
A corrente afaga
A memória saca
E a cabeça de quem sonha
Com a aranha de doze patas
Tecendo teias virtuais
Tramando a caça
Se vê calada
Em meio a solidão...
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2. |
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Para encontrar onde vou
Fui sem saber o que sou
Pra qualquer lado seguindo
A manada
Para sonhar o que vem
Fui até onde não tem
Nada pra ver ou sentir
Não vi nada
Lá era tudo tão devagar
Não que o mundo já não fosse meio assim, todo no freio
Mas fui demais e não me ouvi
Cheguei no nó
E então era apenas prosseguir ou ficar no meio
Ah, mas o som vai clarear
O que a nuvem turva traz todos os dias de anseio
E antes do Sol se explodir
Me deixe só
Me deixe só para seguir sem pisar no freio
Me deixe só para seguir sem pisar no freio
Mas quem me viu quem me vê
Ahh Ahh
Me vê nadando em porquê
Ahh Ahh Ahhh
Pra me encontrar sem querer eu fui me perdendo
Mas como isso se veio?
Sei que avisaram no meio,
Acho que sonhei demais
Num corpo que desfaz
E o compasso do choro quer mais
Que hoje eu me foda no cais
Acho que sonhei demais
Sonhei demais e me perdi em pesadelo
Ah, eu não posso me pendurar
Nos meus muros, pra logo ver, quais cores que ainda tenho
Sei que atravessa um corte em mim
Encorpado e seco, mas sei comer meu fim,
Vomito o começo e arremato o meio
Ah, esse som vai clarear
O que a nuvem turva traz todos os dias de anseio
E antes do Sol se explodir
Me deixe só
Me deixe só para seguir sem pisar no freio
Me deixe só para seguir sem pisar no freio
Me deixe só para seguir sem pisar no freio
Só pra seguir sem pisar no freio
Só pra seguir sem pisar no freio
Só seguir sem freio
Só para seguir sem pisar no freio
Ahhh
Para encontrar-me sem querer
Para encontrar-me sem querer
Para encontrar-me sem querer.
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3. |
Fim do Caminho
02:43
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O fim do caminho
É toda a viagem
Passando por cima
De peste e barragem
Cruzando o silêncio
Virando a miragem
Seguindo no gesto
É só continuar
Pelos espetos do chão
Pelos espectros na margem da intuição
Sobre os aspectos da programação
Onde o falso ressoa
E a cabeça se perde atoa
Onde todo silêncio ecoa
Onde um anjo-cachorro checou a masmorra
E em sua entrada dizia “não corra”
Mas quem sabe as vezes correr não traz mais
Que uma caminhada travada pra trás
É a língua no cancro
É a fruta na feira
Uma expectativa que as vezes não chega
Um tentativa de sorte na mesa
Uma experiência contradiz a certeza
Um expectorante pro peito vazio
Um lago de seda sedado, um bugio
Que grita a quilômetros para dizer
Siga logo adiante pra então perceber
Que o fim do caminho não é pra se ver
Mas segue a todo momento ao seu lado, em você
E quanto mais seguir ao final
Chegando na sombra do samba fatal
Siga seguindo a sentença a seguir
E se perca no caos
Pois as vezes é bom se perder
Mas cuidado
Só não vá se esquecer de você.
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4. |
Um Breu
04:00
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Mente solta
Vista farta
Tudo vai passar
Muito Veja
Nada escapa
Deve devorar
Logo depois
Que o sentido se for
Muitos outros virão
Apontar pra onde
Segue a direção
Das verdades soltas na escuridão
A luz que brilha
Em tela fria
É artificial,
Curta, siga e compartilhe
Além do bem e do mal
Logo depois
Que o desejo se for
Muitos outros virão
Apontar pra onde
Segue a direção
Das vontades soltas na escuridão
Morte pronta,
Porta aberta
Pro veneno entrar
Ao quadrado
A hora aperta
Vai nos alcançar
Logo depois
Que o medo se for
Muitos outros virão
Apontar pra onde
Segue a direção
Das coragens soltas na escuridão
Venha ser o que você é
Nada demais vai nos acontecer
Hoje a multidão
Grava o Sol nascer, e a verdade é solta.
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5. |
Brasa
04:44
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Na noite de ontem
Eu assistia
Ao mesmo jornal
De amanhã
E na noite de amanhã
Eu me entregarei
A propaganda
De quase todo dia
E haja o que houver
Não devo dizer
Não me atrevo a pensar
Apenas posso me entreter
Mas tudo vai passando
Tempo vai mudando
Pouco a pouco tudo vai embora
E cegueira lá de fora
Também há de se curar
Pois saiba que hoje
Hoje é dia
Da Brasa acordar
O fogo da ferida
Então nem mais um dia
Eu assistirei
Ao mesmo jornal
Que sempre me engolia
E àqueles que pensam estar
Longe das mazelas
Ao som das panelas
Logo vão nos encontrar
E àqueles
Todas suas peças
Todas bem cobertas
Ouçam o que eu vou falar
De hoje em diante
Não esqueça
Que essas sua cabeça
Pode muito bem rolar
E rolar
E rolar
E rolar
E rolar
Por aí...
Vai, tudo vai passando
Tempo vai mudando
Pouco a pouco tudo vai embora
E cegueira lá de fora
Também há de se curar
Vai curar, vai curar!
Na noite de ontem
Eu não assistia mais
Ao mesmo jornal
De amanhã
Na noite de hoje
Farei acontecer
Mudança de tal
Que há muito só ouvia
E nos dias de amanhã
Poderei dizer
O que é e o que foi
E o que é que vai acontecer.
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6. |
Anhanguera
03:41
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Haste respinga no pé
Banhada de sangue, vermelha a Bandeira já é
Só que não falam mais o que houve
E a cabeça, curo onde?
Sanidade dopada, jogada pra longe
Anhanguera não quer parar...
Por este caminho
Queima rio queima cachaça
Queima cabeça que é fraca
Pois sentiu pena de pedra
Apontando o fio da faca pro tendão
Descalço, só calçando o descaso deste chão a secar
Por essa vala mecânica
Ainda impera a lama de
Anhanguera,
Diabo velho que veio saquear essa terra.
Anhanguera,
Pintado de anjo, diabo da terra do caos
Onde é que vai dar?
E até quando vai?
Mais parece estrada sem fim...
Serra dos martírios, terra desacato, Vale da lama parada
E dentro das águas rubras da Alvorada onde o Pato nada
A poeira vai, a poeira vai, a poeira veja só
Mais parece Bandeira…
Banhada de sangue, vermelha
Mais um dia, mais um pensamento
Comendo a ficha que cai
Se espalhando no cimento com lamento endurecido
Onde ainda não dá pra ver
E até lá
Esse se caminho se seguirá pela vala e a lama de
Anhanguera,
Diabo velho que veio saquear essa terra
Anhanguera,
Pintado de anjo, diabo da terra do caos
Pintado de anjo o diabo, Anhanguera
Pintado de anjo o diabo velho, Anhanguera.
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7. |
Na Chuva
04:22
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Chuva, não cai não
Hoje é em vão
Chuva não cai não
No solo de quem apaga a solução para a solidão
No colo de quem afaga o próprio não
Chuva não cai não
Na pata de quem ataca são
No pato que mata o pão
Na massa que se disfarça na alvorada, e na cerração vem se mostrar...
Chuva não cai não
Hoje é em vão
Chuva, se não cair
Tentaremos prosseguir
Em caso de piripaque
Rasgue a folha do manual
Em caso de xeque-mate
Mate o reino empresarial
Queimaram do almanaque
Toda sede de amor
Maquiaram tudo com teias emaranhadas e sem calor
Mas vou cantar
Posto que a vida segue sem parar
Então pra que chorar e não se lambuzar
No suor de quem te ama
No fim de tarde toda semana
Na companhia ao som do vento
Pensando em nada, pairando no tempo
E quem sabe a chuva venha nos molhar
Mas chuva não cai não
Que hoje é em vão
Mas se cair
Molhe o coração
Daquele que não quer ver o sol
Daquele só se sente só
Daquele que vaga por aí
Buscando se descobrir
E cada calamidade leve então
Eu vou cantar
Posto que a vida segue, e segue sem parar
Então pra que chorar e não se lambuzar
Que cada chuva faça lembrar
Do suor de quem nos ama
Do fim de tarde toda semana
Da companhia ao som do vento
Pensando em nada, pirando no tempo
E quem sabe a chuva venha nos molhar
Pois se sabe, um dia tudo vai passar
E no final, quem só engana
Lembrará do que mais ama
A doce vida foi com o vento
Sem dar sinal, se faz o leito
Toda ferida e tristeza,
Toda alegria, todo momento
Quem a cada esquina causou lamento
Não vai ter chuva a molhar o peito
Pois a chuva vai vir só para nos molhar
E inundar...
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8. |
Lucidez
04:40
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Sob o solo, amor tecido
Sinto a sinestese me cobrindo
Ela é serena e tortuosa
Me levando para longe...
Lucidez, a mente presa em aridez
A mente presa em aridez
Hoje o céu desceu pra me tocar
Nem sei se onde estou está aqui
Nem lá...grimas...
Inundando
Um nó desfaz em mim
Acontece assim...
Ah, o sol está chegando enfim
Lucidez, a mente presa em aridez
A mente presa em aridez
O planeta gira lentamente
E eu vejo abertamente
A manhã que nasce em mim
O fim é o começo e o fim
Flores brotam neste assoalho
E os corpos se levantam
Salpicados de orvalho da manhã
Amanhã não interessa mais
Vejo como a realidade se desfaz
Violentamente ela se vai...
Se esvai...
Lucidez, a mente presa em aridez
A mente presa em aridez
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9. |
A Corda
06:07
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Apago a luz e o fim do veneno
Afaga o fogo em óleo, eu vejo
A corda chama um sonho desfeito
Vem me pegar, e então fui pego
Não há mais nada que nos faça sentir
Filhos caem, a chuva seca
A rua grita e se vê quieta
Alguém morreu com a porta aberta
Ao seu nariz o cheiro entrega
Que ninguém está realmente aí
Fabricada a ilusão que humilha e abençoa
Forjada em palavras de vidro a redoma
Carrega seus olhos perdidos em coma
Na face dum Messias que o ódio entoa
E agora só nos resta saber quem vai nos perseguir
Você se deixa travar o que aqui jaz de enfeite
Cabeça se esqueça ainda mais (de si...)
Da glote ao solo a queda é curta
A haste envolve e a corda puxa
A forca cai, mas não se iluda
A próxima é ainda mais pura
Pois Judas mal começou a nascer
Não há entendimento no que se refere ao sentido
O prazer, a carne e o flerte ao disco rígido
Que põem em prática um falso alívio
E convergem em um só tiro
Para a nova corda então florescer
Ouço na porta a bota arrombar
Janelas se abrem pra comemorar
Não há mais saída, abortar!
Um disparo pra continuar
Se não foi tudo em vão...
Agora é.
E a massa fermenta nessa geladeira
Tristeza pra sempre irá durar
Pois na boca o nosso pensamento irá (dissolver...)
A dita cuja ainda dura e é clara
Elimina no escuro os restos podres de bala
O choro surge e a sirene cala
E o fim do caminho fala
E com classe, a trabalhadora afunda na maré
Nos servem a síntese sobre a mesa
Estragos que trazem agradável tristeza
Alarmes disparam, vá e Veja
Se encoste e meia clareza
A sugestão amolada é cega pela fé
Rosários e terços morrem na mão
Daquele que ora mas foge do pão
Pois nasceu no trono do rei Salomão
E vende-se a palavra logo então
Pois no vale dos homens
Quem assombra, rei é
Pense, então pare,
Em todos os lugares
A Marchinha do Sacrifício não para pra descansar (nossos pés...)
Ao fim de tudo o algoz amigo
Oferece a mão, o pé e o perigo
Em cada face, em cada sorriso
Pode-se ver, não há mais mito
Isso é tudo feito à nossa “bela” imagem
Deixe a estrada, então deixe o veneno
Deixe a chantagem das sombras à esmo
O espírito humano enfim foi pego
Na reconciliação entre sonho e o meio
A miragem cabal é a nova realidade
Mas minha culpa em ninguém cabe,
Fomos todos traídos nessa paisagem
E agora nos resta só o fim ou o bem
E a escolha?...
Bem...
Vocês já sabem.
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10. |
Além do Jardim
02:41
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Então
A última nota a cintilar
Dispersa a cerração
E o que se perdeu
Se revelará
Disforme de atenção
Com a ave que anuncia
O pouso da ilusão
Que banha fria
Toda a percepção
E o que vem depois
A tempestade dissipou
E os ecos de calor
A tela suja isolou
O som da situção
Se prende à estradas e canais
Que não ecoam mais
São virtuais, se apagarão…
E como as folhas a secar
Este jardim não fala mais
Nem sabe onde estará
A última porta ou portão
Que o escuro engolirá
Quem sabe um último lampejo
Iluminará
As Fronteiras da Razão...
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